SEJAM BEM-VINDOS!

"Só existirá democracia no Brasil no dia em que se montar no país a máquina que prepara as democracias. Essa máquina é a da escola pública". (Anísio Teixeira)

21 maio 2010

VIVÊNCIAS NO ESTÁGIO

O começo...


Tudo começou no dia 03 de maio, onde eu e meu colega Fernando assumimos uma turma da 4º série do 5º ano do ensino fundamental do IERP (Instituto Estadual Régis Pacheco) na cidade de Jequié. Chegamos e fomos bem recebidos pela coordenação de ensino e todos os professores e servidores da escola. O IERP é um Instituto muito organizado, com uma boa estrutura física e boas relações humanas. Nosso propósito estar sendo alcançado, pois estamos aplicando um projeto de leitura com enfoque na música, que enfatiza a importância de se trabalhar música em sala de aula enquanto modalidade textual. Nesse projeto usamos e abusamos de muita dinâmica grupal e de atividades que contribuam para a formação integral do aluno, reverenciando sobremaneira os seus valores culturais, promovendo ao mesmo tempo a sociabilidade e a expressividade, incentivando a cooperação e principalmente o desenvolvimento da leitura e na escrita. Além disso, temos a missão de trabalhar os outros conteúdos da proposta curricular, que envolve as disciplinas de Geografia, História, Ciências e Matemática. Na concretização do nosso propósito, foi feito o batismo do projeto que estamos aplicando com o bonito nome: “No ritmo da música embalamos sonhos e tecemos leitores”.



Perfil da Tuma...


A nossa turma não é brincadeira!!! A primeira atitude quando assumimos a classe foi fazer um diagnóstico para traçar o perfil dos alunos, identificando as fases de desenvolvimento da escrita e a faixa etária. Foi observado então que a classe é composta de 33 alunos de idades variadas e conhecimentos diversos, com faixa etária de 09 anos a 16 anos. Alguns alunos sabem ler, outros estão ainda em nível silábico, existindo também aqueles que por mais absurdo que pareça não sabem ler nem tampouco escrever, sem contar que uma boa parte deles são repetentes. Diante dessa fotografia nos propomos a uma reflexão sobre de quem é a falha que tem privado crianças e jovens da aquisição do conhecimento. Será o professor o culpado? É a escola que tem falhado nos seus objetivos? Ou será o aluno o sujeito de todo esse processo e causador também dessa situação toda? Ficamos perplexos e imaginando o que poderíamos fazer para mudar a realidade escolar desses alunos, já que nossa convivência com eles é muito curta, em função do nosso estágio ser apenas de vinte dias? Essa angustia que vivenciamos é conhecido como “choque com a realidade” ou “choque da transição” que Muller-Fohbrodt usam para caracterizar esse período de medos e tateamento vivido durante (o)s primeiros ano(s) de docência. Faço minhas as palavras de Muller-Fohbrodt, porque é assim mesmo que nos sentimos, às vezes até impotente diante de toda a realidade encontrada na escola. Mesmo tateando a todo o momento, precisamos estar com o olhar atento, procurando fazer algo de melhor e o que estiver ao nosso alcance, mesmo sabendo que não iremos resolver todos os problemas encontrados, mas com a certeza que faremos o possível para ajudar os alunos a ter motivação pela escola, porque esse modelo de escola pública que está posto, não é interessante para os alunos, pois fora do ambiente escolar as atividades diárias dos alunos são mais atrativas, uma vez que eles têm toda uma tecnologia do outro lado do muro, principalmente a mídia e as brincadeiras entre outros. A escola, portanto, passa a não ser um ambiente atrativo e deixa de fascinar a criança. É preciso então, repensar urgentemente a inserção dos alunos nas atividades escolares, uma vez que a escola é vista como uma obrigação e não como uma coisa boa e importante para eles.