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"Só existirá democracia no Brasil no dia em que se montar no país a máquina que prepara as democracias. Essa máquina é a da escola pública". (Anísio Teixeira)

08 março 2010

MINHA HISTÓRIA DE VIDA




Infância...

A minha infância foi maravilhosa, me lembro que eu ficava ansiosa para ir à escola, mas a minha mãe dizia que eu só poderia ir quando completasse os meus quatro anos e foi com essa idade que eu conheci e me encantei pela escola, pois fiz muitos colegas e os meus professores eram muito bons, pois eles contavam histórias e ensinavam bastantes músicas, a gente pintava, desenhava, cortava e colava várias coisas. Lembro-me que fui alfabetizada pelo antigo ABC (método sintético), partindo das “parte para o “todo”. Através do método alfabético, conhecido também como soletração, que tem como princípio de que a leitura parte da decoração oral das letras do alfabeto, depois, todas as suas cominações silábicas e, em seguida, as palavras. Quando eu aprendi a ler fiquei muito feliz, pois ao passar na rua eu não agüentava ver as palavras nas paredes que lia tudo, era muito encantador!

Do primário ao primeiro grau... Hoje Ensino Fundamental I e II


No período da primeira a quarta série os estudos se tornaram mais difíceis, duas coisas que marcaram esse tempo foi a famosa tabuada, ê tempo duro! Se o aluno errasse não iria para o recreio; outra coisa foi a inesquecível argüição, a professora sorteava cinco alunos para ficar em frente a ela na sua mesa para responder as perguntas que ela fazia sobre determinado assunto, pois quem errasse além de não merendar tinha que ficar lendo o assunto na sala, ô castigo. Além disso, tinha muitas coisas boas, o que eu não esqueço era das gincanas, das competições entre as escolas, em fim, momentos estes inesquecíveis.
Durante o meu percurso da 5ª a 8ª série do primeiro grau, conhecido assim naquela época não tive grandes dificuldades, sempre fui uma boa aluna. Os professores trabalhavam muito com questionários, argüição, testes, provas, trabalhos, pesquisas entre outras atividades. Nessa época a relação professor-aluno era de muito respeito, tinha um ou outro engraçadinho, mas a professora mandava para secretaria e chamava o pai desse aluno para comparecer a escola. Portanto, a escola que frequentei nesse tempo era pública e totalmente tradicional, onde as aulas eram meramente expositivas cabendo apenas aos alunos assimilar a realidade teórica transmitida pelo professor, pois este era o centro do processo de ensino aprendizagem e nós alunos um mero receptor de informações. A educação recebida era a educação bancária criticada por Paulo Freire em seu livro Pedagogia do Oprimido, que é aquele procedimento metodológico que privilegia o ato de repetição e memorização do conteúdo ensinado. O professor "depositava" na cabeça dos alunos conceitos a serem exigidos posteriormente na avaliação.

Lá vem o segudo grau... Hoje Ensino Médio


Então, para cursar o ensino médio conhecido como antigo segundo grau eu optei pelo Magistério, porque eu queria ser professora. Amava ensinar meus irmãos, amigos e bricávamos sempre de escolinha, onde eu era sempre a professora. Por isso, não tive dúvidas na hora de escolher a minha profissão. A minha maior dificuldade nessa etapa foi que não era permitido estudar provas através de questionários e só através do livro, então, eu já estava acostumada a estudar as provas através de questionários, era basicamente um estudo baseado na decoreba. Quando me deparei diante de ter que estudar o capítulo do livro foi aquele desastre... Ufa! Com tanto esforço eu conseguir estudar com o livro. A avaliação era através de notas de provas, testes, trabalhos, enfim uma avaliação somatória. No entanto, como diz Luckesi os professores no seu cotidiano não percebem tal distinção, e quando dizem que estão avaliando, na verdade estão examinando, uma vez que examinar é classificatório e seletivo, e por isso mesmo , excludente. Infelizmente tínhamos uma avaliação meramente classificatória.

Ainda não acabou?
Claro que não!

Quando escolhi prestar vestibular para o curso de Pedagogia foi por apenas um motivo, gostar de ensinar e também por te feito magistério e ter lecionado um tempo. Hoje sou aluna do curso de Pedagogia do oitavo semestre pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB). Decidir que iria fazer algo mais para ampliar os meus conhecimentos, faço hoje o que gosto, pois não existe nada mais prazeroso do que fazer o que se gosta, penso que o professor deve estudar e ler constantemente de forma prazerosa, senão não irá conseguir passar esse gosto para seus alunos “ o professor que não aprende com prazer não ensinará com prazer.” Snyders (1990)..
Estou muito satisfeita com o curso, pois aprendi muito e acredito que na formação teórica e prática do professor, poderá contribuir para melhorar a qualidade do ensino, visto que, são as transformações sociais é que irão gerar transformações no ensino.
Na hora das reflexões sobre o que eu sabia antes de entrar na Universidade e o que sei hoje ao estar cursando Pedagogia percebo o quanto aprendi e agradeço aos grandes professores, mestres e doutores, que compartilham os seus conhecimentos conosco.
Durante minha formação pude fazer muitas leituras, sobre Emília Ferreiro com a Psicogênese da Língua Escrita, A guerra dos métodos, construtivismo e interacionismo, A revolução do alfabetismo e O saber da criança; sobre a aprendizagem significativa com Faria ; sobre os conceitos e as formas de proporcionar aprendizagem por meio de um planejamento que leva em conta o conhecimento prévio dos alunos a partir da concepção de Ausubel ; Freud e a sua teoria da formação da personalidade; Motessori com Um novo conceito de infância; Vigotsky com história, linguagem, cultura e escola e constituição do sujeito; Piaget com a teoria dos estágios, compreensão do mundo físico e ética e juízo moral; Paulo Freire com A Pedagogia da autonomia, a Pedagogia do oprimido, sujeito dialógico e sócioconstrutivismo e a Cultura do silêncio, entre outros.
Com todo embasamento teórico aprendido pude fazer um paralelo com o conhecimento que adquirir no magistério e o conhecimento que sei hoje. Pude perceber que em muitos momentos na sala de aula, atitudes que tomei diante das situações ocorridas com meus alunos, não seriam as mesmas que tomaria hoje. A minha postura seria outra, uma vez que a Universidade nos possibilita o entendimento do quão é importante a gente fazer uma reflexão da nossa práxis, refletindo a todo o momento as nossas ações. Nesse sentido, Freire, (1996, p. 43) afirma que: “É pensando criticamente a prática de hoje ou de ontem é que se pode melhorar a próxima prática.”

2 comentários:

  1. Sayonara,

    Sua trajetoria nos dar força parea continuarmos lutando e mostra que um boa base é capaz de erguer edificios imensos.

    Um abraço

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  2. Oi Sayonara,

    Amei sua narrativa. Vc traz reflexões bem aprofundadas sobre suas fontes pré-profissionais e profissionais. Vejo que os saberes da Ciência da Educação vem contribuindo muito com sua formação. Que coisa boa! Entretanto, como afirma Gauthier, precisamos também dos saberes da experiência, da ação docente, curricular ett.
    Busque aprofundar mais um pouco as reflexões que vc traz sobre a Pedagogia Tradicional. Traga esses pressupostos.

    BJS

    BJS

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